A Bi escreveu-nos um lindo e sentido texto, que só agora tem o destaque que merece porque faltava encontrar o quadro que tanto a fascinava, enquanto miúda. Ora aqui está ele, querida prima Bi.
"Lembro-me de tantas vezes dormir em vossa casa, Xinho, no Lubango, e lá está, também ouvia aquela música logo pela manhã, ainda os olhos não se tinham despegado dos sonhos, que surgia de uma aparelhagem na sala. Em casa do Xinho havia música logo pela manhã. Outra imagem que me faz avivar o teu pai, o meu tio Armando, é a recordação de um quadro grande ao alto na parede da vossa sala de estar, pintado com um bombeiro a retirar uma mulher quase desfalecida por uma janela, de um prédio em chamas. Ficava parada nos meus olhos de garota, a admirá-lo. Sempre me impressionou aquela pintura e sempre a liguei ao teu pai, claro. Também tenho muitas saudades dele, era muito carinhoso para mim, quando me via sorria sempre e chamava-me Bisinha com aquele ar de homem ternurento. A sede dos bombeiros no Lubango, era ao lado da escola 60 e ao pé do jardim escola, lembro-me de andar nos dois e ao ouvir a sirene dos bombeiros, dizer aos meus coleguinhas olha lá vai o tio Cardoso a correr dentro de um daqueles grandes camiões vermelhos. E pela cidade do Lubango, quando havia uma banda de bombeiros ou um desfile importante e eu por acaso ali passava talvez a caminho da escola, conseguia distingui-lo no seu fato branco e "chapéu" de comandante, ou num fato de combate às chamas, acho que cinzento e com um capacete prateado, e como eu era miúda pensava sempre que ele era um herói como o bombeiro do quadro, e não o foi à sua medida? E não o é em muitos corações?
bj Gabriela Ludovice
19 de Janeiro de 2008"
19 de Janeiro de 2008"
3 comentários:
Este quadro estava pendurado na sala de estar, do lado direito de quem entrava, pela porta principal.
Por baixo estava um sofá, onde eu me sentava, quase que diariamente a "devorar" os livros de Júlio Dinis, Eça de Queirós... colocados na estante do lado esquerdo de quem se senta no dito sofá.
Ainda parece que ouço a voz da minha mãe, pedindo-me ajuda nas lides domésticas, mas a Eduardinha respondia,"já vou", e continuava a minha leitura.
A minha mãe desistia... A ela devo este gosto enorme pela leitura e escrita.
Claro que também devo ao meu pai este gosto pela leitura/escrita. Graças também a ele,tinha ao meu alcance tanta e tão boa literatura!
Obrigada aos dois!
Sim,era esta exactamente a pintura que me parava, junto à parede da sala..obrigada por o terem recuperado e aqui juntado às memórias que tenho com ele.
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