terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Escrevo hoje, não o farei dia 11!

Pai,

Parece-me que foi ontem! E eu, que não aprecio frases feitas, mas esta é real, ou talvez não.
Parece-me que não foi ontem, nem nunca. Parece-me que estás aí, em tua casa ou nos teus Bombeiros.
Pois, parece-me!
Afinal, realmente, não estás!
Partiste, e eu fico sem saber para onde foste. É sempre assim, vão para longe ou perto e nada nos dizem!
Porque não queres?
Porque não podes?
Porque sim?
Porque não?
Dizem-me, a vida é mesmo assim. Assim como? A acabar assim? Será que é o fim?
Pois é, meu querido Pai, se eu tinha tantas dúvidas, desde que partiste, mais dúvidas tenho.
Dizem que toda a gente é substituível, e isso, sei-o, é mentira. Podem ser substituídos no emprego, por exemplo, mas mesmo assim há especificidade em cada ser humano que faz dele um ser único no Mundo.
Mas olha, continuo a sentir saudades de ouvir a tua voz, de ver o teu sorriso, e de ouvir uma frase dita inúmeras vezes por ti, durante o ano de 2007: "-Olá filha!"
Só não gostei que não te tivesses queixado, declarado guerra ao Mundo, à vida, a tudo.
Mas tu és mesmo assim, pacífico, humano, tolerante. Sempre encaraste os revezes que te apareceram ao longo da vida, e lutaste sempre!
Estás em falta!
Rendeste-te no final, pela primeira vez não foste capaz de lutar, e abdicaste.O Mundo estava a ruir em cima de ti, e já era difícil reconstruí-lo.
Por tudo isto Pai, és insubstituível, agora e sempre! E já agora, olha Pai, quero dizer-te também, agora e sempre:

"Olá Pai!"

Eduardinha (era assim que o Pai me chamava)

Sem comentários: