segunda-feira, 21 de junho de 2010

Parabéns meu Pai.

Era isso que te diria se cá estivesses!

Os teus dois filhos mais velhos não conseguiram tratar-te por tu, seria impensável à luz desse tempo, mas atrevo-me agora a fazê-lo para te sentir mais próximo de mim.

Nesse espaço infinito por onde agora tu andas, dono de todas as verdades e certezas, cá continuo eu na terra a pensar em ti com muita saudade!

Até um dia destes meu Pai!

Tua filha Sãozita

No dia 21 de Junho

Apreciaste a última prenda que te oferecemos. Sorriste e olhaste as horas presas no teu pulso.Muitas horas têm passado desde então. Continuo a vivê-las e a lembrar-me do teu sorriso agradecido, do teu olhar atento que se fixava na minha face.
Hoje é chegada a hora do beijo e do abraço de parabéns. Estarás por aí, sorrindo para mim, para nós...
Não te preocupes com as horas, eu estou atenta, e hoje mais que nunca.

Parabéns Pai!

21 de Junho - Certamente hoje em Angola, o Sol mostra-se sorridente

Fotografia do Sol na Serra da Leba, Lubango, Angola.
- tirada por F. Loureiro -



Lá fora o Sol brilha!
Indiferente a tudo e a todos.
Resplandecente... ímpar... grandioso... direi mágico até...
...Porque me aquece a alma...
Porque me conforta com o Seu calor...
Porque me ilumina como não há igual!
Mas... permite-me que mesmo agora que estás nesse plano diferente - que nem sabemos ainda bem o que é - Te continue como sempre o fiz, a tratar por: Tu.
E hoje especialmente, neste Teu dia - naquele que é inquestionavelmente o Triunfante Primeiro Dia de Verão - tanto faz, que ao olhar o céu, estejas mais luzidio ou ofuscado: porque basta-me saber que Estás lá.
Por isso Te sorrio todos os dias!
Como seria afinal possivel não sorrir, se me fazes o mesmo?
Vejo-Te... sinto-Te... toco-Te... talvez ainda mais, até!

Sei que com o tempo, mesmo ao teu lado, encontrarei cada vez mais estrelas, todavia:
NENHUMA BRILHARÁ TANTO PARA MIM COMO TU.

Parabéns.

Biografia (incompleta)

Tenho estado nestes últimos tempos a reunir elementos para a biografia do nosso Pai. É um trabalho demorado porque quero incluir todas as suas condecorações.
No entanto, neste dia, 84 anos após o seu nascimento, publico o que já tenho reunido.
 
"Nasceu no Porto, na freguesia de Paranhos a 21 de Junho de 1926.
Filho de Joaquim Adão Soares e de Soledade Cardoso. 
Com 23 anos vai para S.Tomé e Princípe, com carta de chamada de seu primo e amigo Honorato Cardoso, para trabalhar como guarda-livros na roça de S.Catarina.
Poucos anos depois, resolve ir para Angola, onde se instala em Sá da Bandeira (Lubango), desenvolvendo grande actividade profissional e cívica.

É co-fundador da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários Sá da Bandeira, onde ocupa os seguintes cargos:

Vice-Presidente Direcção -1955/1964

Presidente Direcção - 1964/1977
2º Comandante – 04/11/1966 até 09/04/1968
1º Comandante – 09//04/1968 até 1977

É nomeado pelo Conselho Provincial de Defesa Contra Incêndios – Angola, representante efectivo das Associações Humanitárias dos Bombeiros Voluntários de 12/07/1969 até 1975.
 

É eleito para a Câmara Municipal de Sá da Bandeira como Vereador de 1965 a 1975.
Já depois da Independência de Angola é nomeado Presidente, cargo que ocupou até 1977, ano de regresso a Portugal.

É delegado do Comité Internacional de La Croix-Rouge – Cruz Vermelha Portuguesa de 1975 a 1977;


No Futebol Clube do Lubango é eleito, nos anos 60 Presidente Direcção e mais tarde Presidente da Assembleia Geral.  

É membro do Rotary Club de Sá da Bandeira, sendo seu Presidente desde Junho de 74.
 

Fundou a Sociedade Angolana Protectora dos Animais – Delegação da Huíla – Sá da Bandeira, ficando como Delegado do Conselho Geral – 1969/1975.


EM PORTUGAL
 

Na Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários do Dafundo:



Presidente da Direcção – 1980/1981;1987/2007

1º Comandante – 1979/1998

Comandante do Quadro Honorário – 1998/2007



Nos CCDPC – Centros de Coordenação Distritais de Protecção Civil:

Representante dos Corpos de Bombeiros do distrito de Lisboa – 1981

Na Liga dos Bombeiros Portugueses:

Jornal Bombeiros de Portugal:
Chefe de Redacção – 10/06/1982 a 05/1992
Administrador Delegado – 1992/2000

Conselho Fiscal:
Vogal suplente 1969/1970
Secretário de 1982 a 1988
Vogal suplente 2006/2007

Conselho Administrativo e Técnico:
Assessor – Gabinete de Informação e Relações Públicas – de 12/10/1989


Na Câmara Municipal de Oeiras:

Gabinete Municipal de Protecção Civil
Adjunto
Fundação Marquês de Pombal
Conselheiro

No CNV – Centro Nacional de Voluntariado:
Presidente

Na Escola Nacional de Bombeiros:
Conselho Fiscal
Vogal 1999-2001

No NABUL – Núcleo dos Antigos Bombeiros do Ultramar:
Assembleia-geral
Presidente

sábado, 12 de junho de 2010

Mês de Junho - Mês do Pai

Desde que me conheço, o Pai pertenceu aos Bombeiros Voluntários. O verbo é esse mesmo, pertencer. Aliás, no seu 80º aniversário, na minha casa, ele dizia: " os filhos dizem que a minha família principal são os Bombeiros. Mas não é verdade, a minha família principal são vocês". E todos, em coro, dissemos sorrindo: "Nós sabemos, Pai, nós sabemos".
Em Angola, o Pai andava, sempre com a farda no carro, para ir directo ao sinistro.
Quando tocava a sirene muitas vezes, já sabíamos que era coisa séria. E era normal ver um Peugeot 404, voar pelas ruas do Lubango.
E depois do incêndio perguntava-lhe, sempre, como tinha corrido. E dizia-me, quase sempre, a sorrir: "Foi chegar e apagar. Não deu gozo."

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Homenagem a Leonel Cosme

Em Angola, no Lubango, uma das pessoas que me habituei a admirar e a respeitar, foi Leonel Cosme. Porque pertencia ao grupo de jornalistas (Mário Saraiva de Oliveira, Diamantino Pereira Monteiro, Carlos Meleiro, Costa Figueiras, Maurício Soares, entre outros) que eu via sempre junto e solidários com os Bombeiros Voluntários. Porque também, Leonel Cosme e sua mulher Professora Gina, eram um casal simpático, culto. A Professora Gina foi professora do ensino primário, nomeadamente da Escola 98 no Bairro da Lage, onde ensinou centenas de alunos, entre os quais a minha irmã Didium.

1972 - A receber condecoração dos Bombeiros Voluntários do Lubango, pelos relevantes serviços à comunidade e aos bombeiros em particular.


Leonel Cosme nasceu em Guimarães (1934) é um escritor apaixonado por África e pela lusofonia, que fundou as Publicações Imbondeiro e editou textos de Agostinho Neto e José Luandino Vieira, entre tantos escritores do Brasil, Portugal ou Cabo Verde.
Viveu 30 anos em Angola (Lubango), para onde partiu, em 1950, com a família. Regressou definitivamente a Portugal em 1987. Aqui prosseguiu, no Porto e em Lisboa, a actividade jornalística que já desenvolvia em Angola, na Imprensa e na Rádio. Em 1990, retirou-se do jornalismo profissional para se dedicar à actividade literária, representada por colaboração em jornais e revistas da especialidade, obras de ficção e ensaio histórico-literário. Paralelamente, tem participado em congressos, seminários e colóquios, promovidos, designadamente, por institutos universitários de Portugal, do Brasil e de Itália. Em trabalho de investigação, deslocou-se duas vezes ao Brasil, com o patrocínio da Fundação Calouste Gulbenkian. É colaborador da Enciclopédia Verbo das Literaturas de Língua Portuguesa.




Títulos de alguns dos seus livros:

A Separação das Águas (Angola 1975-1976)
Agostinho Neto e o Seu Tempo
A Revolta
A Terra Da Promissão (A revolta II)
A Hora Final (A Revolta III)
Cultura e Revolução em Angola
Crioulos e Brasileiros de Angola
Chão das Raízes

1970 - Convívio na Estalagem da Tundavala
 (Leonel Cosme de camisa branca virado para a foto e o Pai de frente e no meio de Francisco Espinha e Maurício Soares)
1971 - Outro convívio, sendo Leonel Cosme o terceiro a contar da esquerda e a seu lado esquerdo o Pai.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Mês de Junho - Mês do Pai

Quando tive a ideia da construção deste blog, Dezembro de 2007, pensei em aqui juntar as suas mais importantes memórias dedicadas ao voluntariado e em especial aos Bombeiros.
Mas, o Pai teve uma vida preenchida com outros afazeres, e resolvi dedicar o mês de Junho ao homem que também não usava farda.

Assim, desafio todos os autores deste blog, família, amigos, bombeiros, conhecidos, a contarem-nos uma história, um episódio que tenham vivido com ele ou simplesmente assistido.

Eu começo:

O Pai sempre conduziu depressa e muito concentrado. Em Angola, no Lubango, antes de ter transporte próprio, ia para o liceu a pé. Não era muito longe, mas era sempre a subir.
Naquele dia de mais calor não me apetecia ir a pé. Mas como sempre fui um homem sortudo, eis que avisto um bem conhecido Peugeot 404. Levantei os braços, coloquei-me quase no meio da estrada, mas o Peugeot não parou.
À noite, cansado, disse-me que tinha tido vários problemas delicados entre mãos.
Não lhe contei a cena do meu desespero, e acho que nunca lhe cheguei a contar. Mas perdoei-o.

Xinho