sexta-feira, 3 de abril de 2009

Sessão Solene comemorativa do 97º Aniversário da A H Bombeiros Voluntários do Dafundo

Coloquei já, em http://www.youtube.com/watch?v=-vcftKe1W4A, o discurso proferido pelo nosso irmão, que o fez na qualidade de Presidente em exercício da Assembleia Geral dos Bombeiros Voluntários do Dafundo.
No entanto, o discurso não está completo, foi filmado a partir de uma máquina fotográfica e tem algumas tremuras.
Assim, e porque é o seu primeiro discurso oficial nos Bombeiros Voluntários, coloco aqui o discurso à moda antiga.
Exmos. Senhores:
Dr. Jorge Andrew, Chefe de Gabinete da Sra. Governadora Civil do Distrito de Lisboa e em sua representação
Presidente da Câmara Municipal de Oeiras, Dr. Isaltino Afonso Morais
Vice-Presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, Dr. Rui Silva
Representante da Federação dos Bombeiros do Distrito de Lisboa, Eng.º Jóia da Silva
Comandante Distrital Operacional de Lisboa, Comandante Elísio Oliveira
Sr. Lourenço Baptista Presidente da Associação Reviver Mais
Sr. Capitão-de-fragata Damásio, Subdirector do Instituto de Socorros a Náufragos
Dra. Conceição Capinha em representação do Senhor Presidente da Junta de Freguesia da Cruz-Quebrada/Dafundo
Senhor Presidente da Junta de Freguesia de Linda-a-Velha, Dr. José Pedro Barroco
Senhor Presidente da Direcção e Senhor 2º Comandante dos Bombeiros Voluntários de Paços de Ferreira António Barbosa

Srs. Representantes das corporações de bombeiros do nosso concelho, demais colectividades e forças vivam de Oeiras, sócios da nossa casa e amigos que hoje nos dão o privilégio de estar aqui presentes

Minhas Senhoras e meus Senhores

Bombeiros,

É com muito agrado que nesta sessão de hoje na qualidade de Presidente da Mesa da Assembleia Geral em exercício, da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários do Dafundo, tenho a honra de a todos vós me dirigir e dar as boas vindas naquela que é a Sessão Solene comemorativa do 97º aniversário da nossa associação.
Para aqueles que estão entre nós pela primeira vez, não poderia deixar de frisar que vão já passados precisamente quatro anos, em que não assinalamos a passagem do nosso aniversário desta forma.
A história normal da vida de qualquer Associação, para mais como esta que é marcadamente humanitária, confunde-se de alguma forma com a história daqueles que a ela dedicam a sua vida e oferecem gratuitamente o seu tempo.
Pois nos 4 anos que passaram, a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários do Dafundo ficou mais pobre.
Porque para nós que quotidianamente abraçamos o lema “Vida por vida”, sabemos que é exactamente a VIDA o bem mais valioso e insubstituível que merece todo o nosso respeito.
E pois numa casa como a nossa que surgiu nos já idos tempos de 1912 com a vontade popular de então, termos perdido fisicamente como perdemos, homens de valor e de craveira inigualáveis como os que nos deixaram nos últimos anos, só nos poderia deixar sem toda e qualquer vontade de comemorar.
Homens como o saudoso Comandante António Vieira do qual teremos oportunidade de detalhadamente falar mais tarde, como o Sub-Chefe Carlos Beliche, o Chefe António Viegas, o Chefe António Alves ou o João Eugénio, homens como o saudoso Comandante Armando Cardoso Soares, personalidade incontornável dos Bombeiros Voluntários do Dafundo, tendo sido até à data na história da nossa Associação, o Comandante que mais tempo esteve no activo - precisamente 19 anos – continuando depois já no Quadro Honorário ainda como Presidente da Direcção.
Foram no caso do Comandante Armando Soares, 50 anos divididos não só pelos Bombeiros Voluntários do Dafundo, mas ainda entre a fundação, Presidência e o Comando dos Bombeiros Voluntários de Sá da Bandeira em Angola, a Presidência do Centro Nacional de Voluntariado, como delegado Internacional da Cruz Vermelha, funções várias na Liga dos Bombeiros Portugueses, entre tantas, tantas e tantas outras de serviço voluntário permanente, às quais imprimia um entusiasmo e dedicação verdadeiramente contagiantes.
Naquela que é a nossa primeira sessão solene pública realizada após a sua morte, não poderia ficar de bem com a minha consciência, se por ventura pelo facto do meu Pai se tratar, tal me impedisse de o referir, uma vez que a ele se devem entre muitos outros valores que perdurarão para sempre na nossa Associação: o culto do zelo, da disciplina, do orgulho em se ser bombeiro e da responsabilidade de envergar uma farda e não lhe prestasse o devido reconhecimento e a homenagem a um homem a quem também muito se devem os acordos de geminação com Passau na Alemanha e Paços de Ferreira, a ligação a África constante com a participação no Núcleo de Antigos Bombeiros Ultramarinos cuja presença também aqui saúdo, bem como a existência das modelares instalações onde nos encontramos hoje.
Tal como ele dizia: “Numa Corporação de Bombeiros, o passado não pode morrer ou os seus homens serem esquecidos."
Pois em especial para os familiares e amigos de todos aqueles que já partiram, aqui está o firme compromisso de que nos Bombeiros Voluntários do Dafundo, nós não nos esquecemos e temos muito orgulho na nossa história.
Mas é tempo de olhar para o futuro.

Minhas senhoras e meus senhores:

No ano em que o Município de Oeiras celebra os seus 250 anos, a Associação dos Bombeiros Voluntários do Dafundo orgulha-se de celebrar 97 anos de vida e ao mesmo tempo ter um quartel ímpar e modelar, órgãos sociais compostos de pessoas sérias e responsáveis, um corpo activo sólido e operacionalmente bem preparado, um parque de viaturas de qualidade e uma vontade inabalável de servir as populações.
Tudo isto sob a liderança e a égide do Comandante Carlos Jaime que depois da partida do nosso Presidente da Direcção Comandante Armando Soares, passou ainda a acumular as funções de Presidente da Direcção em exercício até ao fim deste mandato, prescindindo de ainda mais tempo e sacrificando ainda mais a sua vida pessoal e profissional.
Se me permitem deter-me por segundos neste grande Homem permitam-me dizer-vos que também ele é um orgulho e um património de valor incalculável para a nossa Associação e um exemplo de participação cívica que só pode ser inspirador para todos nós.
Também a si Senhor Comandante todas as palavras serão sempre poucas.
Vossa Excelência é uma referência no presente desta casa e continuará com toda a certeza a ser o pilar fundamental dos Bombeiros Voluntários do Dafundo também nos novos tempos que aí vêm.

O nosso caloroso muito obrigado!

Mas, exactamente pensar no futuro significa querermos ainda mais e melhor.
Benzidas que estão as novas viaturas, inaugurámos hoje o Museu do Bombeiro, está efectuada a remodelação da nossa Central dotando-a ainda de maior operacionalidade e de poder de resposta bem como a activação em pleno do nosso site é já uma realidade - aproximando os nossos associados mais jovens e os munícipes do nosso concelho a esta nobre causa humanitária, aproveitando mais esse veículo para ensinar mecanismos simples na área da prevenção a toda a população.
Entregue está também nos serviços da Câmara Municipal de Oeiras, o projecto para a construção do Museu das Viaturas antigas dotado de biblioteca e sala de eventos, temos em estudo permanente a elaboração de protocolos com diversas entidades, bem como a constante preocupação na manutenção da nossa capacidade técnica apostando na formação dos nossos bombeiros.
E é cada vez mais esse o caminho.
Formar para melhor servir.
Formar para os novos desafios.
Formar no campo das catástrofes naturais, prepararmos-nos para velhos problemas quer no campo dos incêndios e no dos acidentes rodoviários e ferroviários, quer ainda na área do pré-hospitalar, como em tantas outras.
Na nova legislação, destacamos o fim do quadro auxiliar e de especialistas como um erro, a par de tantos outros cometidos na organização da área da Protecção Civil e Bombeiros no nosso país ao longo dos anos, em tantos pontos como no mais basilar que consistiu no quadro nacional definitivo em vigor resultante da fusão do Serviço Nacional de Bombeiros e o Serviço Nacional de Protecção Civil, o que sublinhe-se: são alguns dos erros transversais aos mais diversos governos.
São precisos ainda mais simulacros nos mais variados teatros de operações. Planos de emergência continuamente actualizados em todos os edifícios nomeadamente os de serviços, prevenção e divulgação às populações de quais os comportamentos a adoptar perante cenários de risco ou de perigo efectivo e claro uma redobrada vigilância em todo o território.
De realçar aqui, o apoio da sempre atenta Câmara Municipal de Oeiras, que cumprindo como é seu apanágio com o prometido, duplicou já o subsídio atribuído às corporações do concelho o que muito nos auxilia a cumprir a nossa missão.
Saiba Senhor Presidente Dr. Isaltino Morais que os Bombeiros Voluntários do Dafundo reconhecem esse esforço por parte do executivo que Vossa Excelência preside e apenas podem responder com uma eficácia ainda maior do que aquela que já nos caracteriza e que é a nossa marca genética indelével.
Também ao Governo Civil de Lisboa sempre atento às necessidades dos corpos de bombeiros, é devido o nosso justo agradecimento nomeadamente na compra de garrafas de carbono para aparelhos respiratórios, utilizados no combate a incêndios entre outros incentivos através dos quais o Governo Civil nos tem incentivado.
Por isso caros convidados, a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários do Dafundo sente-se feliz por connosco partilharem hoje esta festa de aniversário, sentindo que em particular as populações da freguesia da Cruz-Quebrada/Dafundo e de Linda-a-Velha, (como ao fim e ao cabo de todo o concelho ou de qualquer outra parte do país à qual não raras vezes somos chamados a intervir), podem dormir descansadas sabendo que aqui estarão sempre homens e mulheres que a qualquer hora do dia ou da noite largarão tudo para ir no seu socorro com prontidão, sem medo de qualquer situação, prontas a sacrificar a vida se necessário.
Por último,

Minhas senhoras e meus senhores

Num mundo tantas vezes rendido ao egoísmo, vale a pena esta lição e este exemplo dos bombeiros.
Ao toque da sirene, eles aí vão.
Sem olhar para trás, sem saber o risco, sem saber sequer se voltam para as suas famílias, mas sempre com aquele brilho nos olhos e a alegria em se sentirem úteis à sociedade onde vivemos.
E aqui estão eles hoje!
Com a farda de gala, os filhos, os amigos e a máquina fotográfica, felizes com uma simples medalha ou com um diploma, que serão sempre pequenos para o reconhecimento publico que lhes é devido.
Vale a pena num mundo onde quase tudo nos parece pequeno para nos fazer felizes, esta grande lição dos bombeiros.

Muito obrigado.

1 comentário:

maria eduarda disse...

Um discurso comovente, sem perder o grau de objectividade que deve ter nestas ocasiões.
Tenho orgulho em ti,
Tua irmã.